sábado, 24 de maio de 2008

UM DRAMA EM REALISMO DIGITAL
Ficou bom! Gostei! Essa foi a opinião geral do público que assistiu a pré-estréia (dia 9 de maio, das 21 hs as 22:55 hs, no Cefet) e a estréia (dia 10 de maio, às 19 hs, no ISG) do filme Alucinação - O Submundo das Drogas, do teatrólogo João Rodrigues. Através de uma bem cuidada pesquisa e muita sensibilidade na abordagem do tema, algo tão grave e presente no cotidiano de nossas sociedades, o filme contém cenas de emoção e ação em realismo impactante criado pela tecnologia de filmagem digital. O resultado dessa concepção artística é uma pancada no estômago e uma mensagem de alerta para jovens, pais e um pedido de reforço no combate as drogas por parte das autoridades competentes. A trama toda se passa na cidade de Jataí (um entroncamento de rodovias federais e rota de trafico pesado de drogas vindas de varias regiões e do exterior). O filme não poderia ser nenhuma alucinação de seu diretor. Méritos para a consciência dele. Mas tem defeitos? Tem. Só que isso já era esperado pelo fato do mercado local das produções cinematográficas se pouco desenvolvido.
PRÉ-ESTRÉIA – No final da pré-estréia do filme, na sexta-feira, 9, os atores do elenco estavam atônitos (ainda não tinham visto o trabalho): João Rodrigues não deixou que nenhum dos participantes visse as cenas durante a etapa de edição (quem viu antes tinha enxergado pouco). Ele não havia mostrado nem para sua esposa, Joana Lina. O “cast” do Abelharte-Produções Artísticas estava assim mesmo: perplexo e apreensivo. Depois, ficaram eufóricos e estupefatos ao assistirem a si próprios na projeção representando os personagens do filme. Também era grande a expectativa do publico em ver este filme local que levou cerca de um ano e meio para ficar pronto. As pessoas presentes eram seletos convidados (membros da imprensa, algumas autoridades políticos, certos funcionários públicos, determinados educadores, intelectuais, estudantes, comerciantes dentre outros). Atendendo a convite, essas pessoas ocuparam por completo às cerca de 200 cadeiras do auditório do Cefet e também saíram atônitas e emocionadas com o espetáculo cinematográfico que viram e com a performance de João Rodrigues e sua trupe. Alucinação-O Submundo das Drogras é uma hora e 55 minutos de estória. O cotidiano do filme está mais presente em nosso dia-a-dia do que podemos pensar.

COMO É O FILME E PORQUE ELE E TAO INTERESSANTE
O filme Alucinação pode ser definido como “em busca de uma sensação prazerosa através de artifícios químicos”. Possui recursos técnicos de filmagem e de captação de áudio todo em sistema digital. Tem muitas tomadas externas (ambiente urbano), cenas de veículos em movimento, participação de policiais de verdade e locações em vários pontos da cidade (usando as fachadas dos prédios e ruas como plano de fundo). A escola onde transcorre parte da ação e real (escola estadual Emilia Ferreira de Carvalho). O barzinho da cena do aniversario existe mesmo (restaurante e churrascaria Chapa Quente). Outros lugares também são reais, portanto, nada de cenários previamente montados. Os planos são longos (quase nada de closes nos rostos), os temas musicais (com funk, rock e mpb) dão muita emoção a trama. O acabamento final resulta em muito realismo nas cenas. O público se emociona com o drama do personagem principal e com o tema musical. No final do filme ainda há depoimentos reais o que acaba dando uma sensação de documentário.
PERSONAGENS PRINCIPAIS – Para essa produção não foi contratado nenhum artista famoso ou profissional renomado. O grupo é todo local e foi selecionado através de oficinas e testes específicos com o próprio João Rodrigues. O filme possui um elenco grande como o de uma novela, mas a trama gira em torno do personagem principal que é o jovem Eduardo “Dudu” (vivido por João Rodrigues) e seu ingresso no mundo das drogas através do grande traficante regional Jonas (César Bernazoli). Dudu tem como melhor amigo o também jovem Davi (Luziano de Oliveira) demonstrando ser um filho bem tratado pela mãe. Sedutor, Dudu se deixa envolver pela paixão da jovem Bruna (Talita Araújo). Quando ele está sendo perseguido, entra em cena o delegado do caso que pretende encontrá-lo antes dos bandidos. Ao todo são 46 nomes nos créditos finais, fora as participações especiais e colaboradores. E olha que Alucinação, a peça de teatro, só tem João Rodrigues (monólogo).
DESTAQUES DO FILME – São vários os destaques da produção de João Rodrigues. Vale, novamente, ressaltar o trabalho de pesquisa para a elaboração do roteiro. Nos recursos há locução em “off” e o filme inicia-se com flash back. As tomadas de plano aberto acabam exigindo um pouco da memória e concentração dos atores. A observações com detalhes e pormenores dá um tom vivo e forte à trama. As preocupações da mãe de Dudu, os professores em sala de aula e o depoimento da diretora da escola ao delegado passam muito realismo nas cenas. Além disso, tem um chocante e inesquecível velório e o posterior enterro no cemitério (real) e a coragem de João Rodrigues que, na pele do personagem principal Dudu, toma banho nú, fuma drogas e desfalece em cena.
DEFEITOS – Mas não e só méritos que tem o filme. A produção também tem sua cota de pecados e defeitos técnicos. O áudio, por exemplo, capta muitos ruídos e barulho do ambiente atrapalhando e interferindo em diálogos. Com a necessidade inesperada em mudança de uma das atrizes no começo do filme, há certa confusão no nome da personagem que faz a amada de Dudu (Cristina ou Bruna?). Na parte de edição também há muitos defeitinhos e cortes que precisariam ter sido feitos, mas que não foi possível eliminar em tempo. João Rodrigues, em nome da produção, explicou que tentou reeditar o áudio em um estúdio profissional, mas que não obteve êxito e com relação à edição das cenas, eles acabaram ficando sem o editor chefe que havia iniciado os trabalhos.
SURPRESAS – O filme também tem suas surpresas e fatos curiosos por trás da produção. O ator César Hernandes Santos Bernazoli, que vive o traficante Jonas, na vida real é microempresário, presidente de bairro, coordenador de centro de alcoólicos anônimos-Cerea e(pasmem!) agente de proteção ao menor (Conselho Tutelar), ou seja, sua atividade e proteger jovens da corrupção e dos males sociais como às drogas. A idéia foi de João Rodrigues que o convidou para viver essa situação controversa na tela. Cesar gostou da “sensação”. “Foi minha primeira experiência como ator”, disse. E quanto a produção do filme? “Eu nem esperava chegar onde chegamos. Nós nos doamos. Na minha concepção foi nota 10”, arrematou César. Outro que também viveu situação interessante foi o ator Luziano Oliveira na pele do jovem Davi (melhor amigo de Dudu). Quando foi escalado por João Rodrigues, ele sentiu um frio na barriga e certo calafrio. Pudera. Luziano já viveu, em sua vida real, drama parecido com o do filme. Ele que já foi viciado em drogas (diversos tipos) travou uma batalha pessoal para se livrar do vício. Para Luziano, o roteiro do filme é um pedaço da realidade. Ele falou que entrou no submundo do vício, no passado, por motivos financeiros. “Era um dinheiro fácil. Fui influenciado por amigos e achava uma aventura”. Luziano revelou que foi perseguido por outros usuários e traficantes e teve que fugir da cidade um certo tempo. E como conseguiu se livrar do submundo? Em sua revelação à imprensa, Luziano disse que foi por causa de sermões de certo senhor: “Sempre acreditei no impossível. Certa vez eu estava fumando e um senhor chegou e me deu conselhos. Vi aquilo como um desafio e resolvi provar que podia sair daquele mundo das drogas e, de fato, consegui superar”. O ator ainda falou que, quando reencontrou com o senhor, foi perguntado por ele, sem saber da superação, sobre como ia sua vida e que respondeu que tinha se livrado das drogas. Os dois, então, se emocionaram, se abraçaram e ficaram comovidos.

ALUCINAÇÃO – O SUBMUNDO DAS DROGAS
AS 10 CENAS PRINCIPAIS?
1ª)
Dudu recebe uma “carona-armadilha” de Jonas e ganha um chiclete recheado com uma substância química viciante e tem visões alucinadas dentro do carro do traficante (imagens se contorcendo). É a caracterização da ALUCINAÇÃO. Abobalhado, Dudu ainda diz “la no seu hotel quero beber alguma coisa...um trem...”
2ª) Dudu toma banho no hotel com cenas de quase nudez.
3ª) Dudu experimentando um cachimbo de crack (em várias cenas). Muito real e impactante.
4ª) A cena quente da sedução e beijo na boca resultando em sexo entre os personagens Dudu e Bruna. Detelhe: a sugestão partiu da própria esposa de João Rodrigues, a atriz Joana Lina.
5ª) Jonas, usando uma barra de ferro, assassina um rival na venda de drogas e manda colocar fogo no corpo da vítima.
6ª) Dudu, sob efeito de drogas, assassina seu melhor amigo (Davi) dentro de sua própria escola e onde era o melhor aluno.
7ª) Velório de Davi com o ator sendo tampado em um caixão de verdade. Detalhe: na cena, a tampa do caixão caiu no rosto do ator na hora de fechar.
8ª) O aspecto feio de Dudu quando vira fugitivo.
9ª) Dudu preparando cachimbo de crack: coloca a droga dentro, acende e fuma junto com um outro viciado achado por ali no bosque.
10ª) Dudu, sozinho, depressivo e angustiado, tem um ataque convulsivo e entra em estado de coma. Será que morreu?

CRONOLOGIA?1- Chegada do traficante Jonas em Jataí (por uma das BRs);
2- O esforçado, bom filho e bom aluno Dudu têm prova na escola;
3- A primeira reunião de Jonas com seu bando em um barzinho;
4- A festinha surpresa de aniversário que os amigos de Dudu fazem pra ele;
5- Jonas, na festinha, apronta uma armadilha e alicia Dudu;
6- Os dias seguintes em que Dudu experimentou droga pela primeira vez;
7- Jonas viaja de avião e deixa um de seus homens (Betão) encarregado dos serviços;
8- Dudu já é viciado em drogas e dá trabalho;
9- Jonas volta a Jataí;
10- Dudu e Bruna transam;
11- Jonas assassina rival com uma barra de ferro;
12- Davi e avisado pela avó que teve pressentimentos ruins;
13- Dudu já está alterado e vivendo no submundo das drogas;
14- Dudu, armado, tem alucinações e assassina seu melhor amigo na escola e foge;
15- Davi e velado e enterrado no cemitério;
16- Delegado com jeito de durão entra em cena e coloca sua equipe de agentes para investigar o caso Dudu tomando depoimentos na delegacia (Dudu é fugitivo);
17- Meses depois surge, em cena, Dudu, de aspecto feio e pedindo comida na rua;
18- Dudu pratica roubos para sobreviver e manter o vício;
19- A polícia da batidas. Jonas vê sua esposa e seu bando sendo presos e foge;
20- Jonas assassina um de seus homens (Betão) no trevo da saída da cidade;
21- Dudu usa drogas, fica triste e sozinho, tenta se entregar a polícia, tenta cometer suicídio e tem um ataque convulsivo em uma construção e entra em coma. Teria morrido?
22- Corpo de Dudu é achado pela polícia após uma ligação anônima;
23- No final, uma surpresa da trama;
24- Depoimentos reais;
25- Fim.








3 comentários:

  1. Onde posso adquirir o filme?

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  2. Se vc morar em Jataí diretamente com o João Rodrigues.

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  3. Quem quiser adquirir o DVD do filme pode contactar o próprio cineasta pelo celular: (64)9232-4875 (João Rodrigues).

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