quinta-feira, 18 de março de 2010

ENCHENTE - 15 DIAS DEPOIS

Residências e comércios a beira do córrego Jataí, no perímetro urbano, ficaram atingidos pela avalanche de água e lama provocada pela tromba d’água da enchente do dia 2 de março de 2010. Na ponte sobre a Rua José Pereira Rezende e, principalmente, em suas imediações, no setor Campo Neutro, o cenário era trágico: uma casa caiu, um poste da rede elétrica ficou dependurado, a parede lateral de uma residência simples na Rua Fluminense veio a abaixo, inclusive expondo seu interior aos olhos da rua, outra parede dos fundos de um supermercado também ruiu. Dramas, tentativas de socorro, resgates heróicos, enxurradas e muita água e lama era tudo o que se via.



Bem próximo a ponte da Rua José Pereira Rezende está à residência e os três comércios da família de Eduardo Vale Leite, um multicomerciante que há mais de 30 anos reside no local. Assim como outras vítimas da enchente, o comerciante também viu seus bens escorrerem por água abaixo e ficou na miséria de um dia para o outro, ou pior, de uma hora para outra.


EDUARDO VALE LEITE – O comerciante Eduardo Vale Leite, se considera a pior vítima da enchente do dia 2 de março. Ele perdeu, de uma só vez, três comércios na mesma rua: uma locadora de filmes (Fênix Vídeo Locadora), uma flora (Flora Escrava Anastácia) e uma lan house (Escarlate Games Lan House). Na locadora, Eduardo perdeu quase todas as 4,2 mil fitas, na flora tomou grande prejuízo em artigos afro indianos e religiosos e na lan house foi à bancarrota com os danos: 25 computadores, 15 vídeo games, 8 televisores, 4 máquinas de vídeo games e duas impressoras. A bagunça também foi grande. A enchente arrastou cadeiras, mercadorias, televisores, balcões e centenas de DVDs. A água passou e só deixou muita lama no lugar.


MACHUCADO - Eduardo ainda cortou a perna esquerda durante o socorro e o corre-corre da enchente. Estava usando uma proteção de plástico. Na tentativa de salvar mercadorias, móveis e até dinheiro, o comerciante e sua irmã enfrentaram a fúria da enchente vendo a água suja subir cada vez mais. Se os bombeiros não agissem rápido, ambos teriam morrido afogados dentro do próprio estabelecimento.


RESIDÊNCIA – A casa de Eduardo Vale Leite, onde também moram seus pais e irmãos, foi atingida pela enchente. A água entrou pelas portas dos três comércios e vazou para a porta que dá acesso a residência. Houve prejuízos com a perda de móveis, roupas e calçados e tudo mais que estava até um metro e meio do chão. Os guarda-roupas acabaram e a família ficou descalça e sem vestes, literalmente. Por sorte, ganharam outras roupas e até colchões como doações dos amigos. Dentre os móveis e eletrodomésticos levados pelas águas, o mais sentindo pela mãe de Eduardo foi um forno elétrico.


SUSTO - Como naquele dia a tarde foi toda chuvosa, o comerciante, por precaução e segurança, não havia aberto as portas de sua lan house. Assim não houve clientes no estabelecimento quando a enchente começou. Apenas ele estava no computador da administração quando tomou um susto com uma das portas caindo e a água invadindo o recinto e arrastando mercadorias nas prateleiras mais baixas. Daí foi só desespero e corre-corre.


VÍDEO LOCADORA - Os prejuízos da locadora foram severos. A maioria das fitas embaixo nas prateleiras foram arrastadas. Perda de mais de 1.000 unidades. Havia filmes guardados dentro do balcão e dentro de sua residência que também acabaram rodando. O comerciante estava com planos de abrir uma segunda vídeo locadora e agora está frustrado. Ele possui 12 anos de atuação no ramos de diversão eletrônica.


FLORA - Na flora da mãe de Eduardo a enchente derrubou portas e avançou para dentro dos outros dois comércios. Um estoque de 4 mil velas, imagens, defumadores e diversos outros artigos religiosos foram danificados e arrastados. A desolação da mãe do comerciante ainda é visível.


LAN HOUSE - Na lan house de Eduardo a fúria das águas sujas arrastou TVs, mesas, boiou máquina de vídeo game, encobriu um freezer de picolés, além de danificar computadores e impressoras. No momento haviam 24 computadores, quatro máquinas de vídeo games, sete TVs com sete vídeo games, dentre outros. Ainda estavam guardados, em uma sala ao lado, 10 vídeo games reservas que também ficaram danificados. Outro transtorno: na conta do comerciante, cerca de 120 títulos que estão locados para clientes vão ficar prejudicados devido a perca dos controles de locação. Antes de trabalhar com lan house, o comerciante tinha um fliperama.


REABERTURA - No dia 17 de março, quarta-feira, Eduardo reabriu as portas de sua lan house ao público. Técnicos particulares de informática haviam sido contratados (para futuro acerto) e providenciaram, ali mesmo, o reparo nos computadores, como trocas de peças e limpezas. Há 15 dias o negócio estava fechado. Já a vídeo locadora e a flora ainda teriam de aguardar para voltarem a funcionar. Eduardo disse que a maioria de seus clientes são de outros setores e ainda não sabem que ele reabriu. O comerciante e sua família vivem no local há 32 anos e nunca tinham passado por algo semelhante.


PREJUÍZO - A altura de quase um metro mostra bem até onde a enorme quantidade de água suja de lama entrou nos comércios e na residência de Eduardo. A Vigilância Sanitária jogou fora inúmeras mercadorias para evitar risco de contaminação. Por causa da perda dos dados administrativos, Eduardo Vale Leite ainda não conseguiu calcular o valor de seus prejuízos. Muitas coisas ele ainda estava dando falta 15 dias depois da enchente, como duas TVs, vídeo games, filmes e artigos. Entretanto, o comerciante sabe que seu prejuízo foi grande. Ao pé da letra ele arrisca dizer R$ 80 mil.


DINHEIRO - Além das mercadorias das lojas, Eduardo ainda viu ir por água abaixo uma bolsa impermeável contendo R$ 4 mil contados para depósito. O mesmo não pôde ser efetuado devido às chuvas. Uma cômoda na residência, contendo dinheiro miúdo para trocos e movimentos de caixa, também foi danificada pela água suja e as cédulas ficaram estragadas. O comerciante lamentou muito que tenha perdido as economias de muitas horas e dias de trabalho.


BAQUEADA - A mãe de Eduardo Vale leite, a senhora Marizete, está se sentindo arrasada com o ocorrido. Para ela, foi uma luta de 32 anos que, de repente, veio por água a baixo em menos de duas horas. O baque foi grande. Ela lembrou que, depois da enchente, ficou 15 dias parada e sem faturamento com suas contas e empréstimos vencendo e sem ter como pagar. Dona Marizete também lamenta o portão de sua casa ter sido rompido e rolado móveis, botijão de gás, dinheiro, roupas, calçados e outros. A vida, para ela, agora, é um recomeçar.


AJUDA - Eduardo pede a população, aos amigos e aos empresários da cidade que o ajudem a passar por essa etapa difícil. Ele alega que muito do que tinha ficou totalmente coberto de lama e não dá para aproveitar. Sobrou pouco. Esperançoso, diz que o prefeito Humberto Machado é o melhor prefeito que Jataí já teve e agradeceu por ter servido alimentação e ajuda às vitimas da enchente. O comerciante também observou que Humberto já está ajudando na reconstrução das casas que caíram.


SEM FATURAMENTO - O valor da ajuda do Poder Público aos comerciantes ainda não havia sido definido e isso causou aflição em Eduardo e sua mãe. As contas vão vencendo e a renda não cobre as despesas. Para Eduardo Vale Leite o prefeito Humberto Machado não irá deixar ninguém na mão porque ele é um homem digno e de enorme coração. Mas o comerciante diz que, se não fossem os seus compromissos, poderia esperar a ajuda pública. Entretanto, até o dia 17, já havia 15 dias que ele não ganhava nada e, até estabilizar-se, está vivendo de vale-doação. Sua luta continua.





























EDUARDO VALE LEITE mora na Rua José Pereira Resende, nº 255 - Vila Campo Neutro – Jatai – Goiás. Seus telefones de contato são: (064) 3636-5255, (064) 3636-2262 e (064) 9998-3620.
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