"Quem ri hoje, chora amanhã"
Hoje são 12 de janeiro de 2015.
Por enquanto o Vaticano, as sinagogas (igrejas de judeus, os inimigos número 1 dos muçulmanos) na França e as pessoas do mundo ocidental cristão não precisam se preocupar com novos ataques de extremistas islâmicos por causa do profeta. A questão do jornal-revista francês, Carlos Semanal (“Charlie Hebdo”) é que o hebdomadário desrespeitou a cultura religiosa Islã (A Palavra de Alá ou A Palavra de Deus) e representou Maomé fazendo piadas com a cara do mesmo em charges. O ataque ao periódico foi apenas um ato isolado de vingança por esse desrespeito. Agora, quando o Charles Hebdo e outros jornais franceses e até europeus começaram a responder aos extremistas radicais publicando mais charges do profeta Maomé e o papa argentino Francisco (ironizado como “O Papa do Fim do Mundo”) declarar-se na defesa da liberdade de expressão aos mesmos, daí sim o Vaticano poderá se preocupar com sua segurança por que vai ser um dos alvos para novas represálias.
Atentado ao jornal satírico francês, Carlos Semanal (“Charlie Hebdo”)
Foram os franceses quem inventaram a zuação através das charges. A própria expressão “Charge” é de origem francesa e significa carga, ou seja, colocar carga em um fato, desenhando-o de forma exagerada para realça-lo e torná-lo engraçado/burlesco/irônico.
Desde antes da Revolução Francesa, ou seja, desde antes de 1789, a imprensa daquele país já usava charges para ironizar tudo que acontecia, e isso, sem poupar ninguém, nem mesmo o extinto império francês do rei Luis XVI e da rainha Maria Antonieta, os últimos monarcas decapitados na guilhotina.
Marcha histórica em Paris pela liberdade de expressão
O manifesto francês por liberdade de expressão, ocorrido em Paris nesse último final de semana, levando 1,5 milhão de pessoas às ruas somado ao manifesto em outras cidades francesas totalizando 3,7 milhões, foi uma forma daquele povo dizer aos muçulmanos (os seguidores do Islã ou seguidores da Palavra de Alá através das sunas de Maomé) que o francês quer continuar a manter sua cultura de fazer charges como sempre o fez.
O problema é que os muçulmanos, povo erguido nas batalhas, nas guerras e nos domínios de territórios, não vão permitir desrespeito com charges a seu profeta Maomé que é chamado por eles de o último profeta da Deus, fundador da religião Islã. O profeta, inclusive, foi o grande líder religioso e político do mundo árabe, tendo participado de sangrentas batalhas e de conquistas para seu povo.
Daí vai surgir um embate.
O mundo, embalado pela grande mídia, fala hoje que quer liberdade de expressão.
Lembrando que não de hoje que o Carlos Semanal vem fazendo sátiras ao Islã na França, país europeu com 66 milhões de habitantes e com cerca de quatro milhões de muçulmanos.
O seguidores do Islã são extremamente tradicionais, e são tão tradicionais que até no modo de se vestir cultivam o mesmo hábito de mais de três mil anos.
Liberdade de expressão ou liberdade de ofensa?
Liberdade de expressão como quer o mundo da grande mídia:
“Eu posso falar ou brincar como quiser com você e você não pode achar ruim”.
Liberdade de ofensa da grande mídia:
“Eu posso brincar ou ridicularizar sua religião e sua crença e você tem de levar no bom humor”.
No Brasil, a torcedora gaúcha foi ao estádio e gritou chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco" e foi escorraçada pela grande mídia. Nesse caso, ela não teve liberdade de expressão porque a liberdade dela consistia em liberdade de ofensa pessoal, moral e racial.
Qualquer pessoa pode se sentir insultada e reagir
A verdade é que qualquer pessoa pode se sentir insultada e ter uma reação.
Exemplos:
1) Chegue em um estádio de futebol, diante de fervorosos torcedores adversários, e insulte o time deles. Quem fizer isso, no mínimo, vai se machucar, para não dizer, ser esfolado vivo. E não vai nem adiantar dizer aos algozes que se tem liberdade de expressão garantido por lei.
2) Este parece até mentira. Faça um teste, por exemplo, crie charges ironizando com muita gozação as novelas da Rede Globo e publique em blogs. Como represália da emissora, você poderá acabar ganhando algum personagem nada digno no folhetim das 21 h.
3) Chegue para uma pessoa qualquer e insulte-a denegrido sua imagem e xingando sua mãe. Como acha que vai ser a reação?
4) Você acha que um visitante pode fotografar para publicar na mídia os bastidores dos estúdios das emissora de TV? Imagina que alguém pode divulgar fotos de certos equipamentos que fazem a mágica tecnológica desses veículos de entretenimento? Claro que não. Isso é veementemente proibido.
Qualquer pessoa pode reagir com violência quando é insultada. A pergunta, então é: por que com os muçulmanos que, em sua maioria, trata-se de gente rude e de baixa escolaridade, seria diferente? Da mesma forma que você faria qualquer coisa para defender sua família, alguns deles também vão ao extremo para defender a honra do profeta.
Jornal satírico francês praticou uso indevido de imagem
Consulte a legislação francesa. A França é um país avançado de Primeiro Mundo. Uso de imagem e símbolos sem permissão é prática de violação a direitos de propriedade intelectual.
No Brasil, o humorista do programa Pânico (Band) para caracterizar e satirizar o apresentador, Silvio Santos, precisa pegar a autorização por escrito do mesmo. O cantor Roberto Carlos e sua gravadora, recentemente, acionaram o humorista e político, Tiririca por caracterização da imagem do cantor na propaganda política sem autorização. Isso é só para citar alguns exemplos.
A imagem do profeta Maomé pertence a religião Islã e aos árabes ou, simplesmente, a todos os seguidores do islamismo. Completamente diferente dos católicos, a junta de muçulmanos conservadores dos costumes não permitem, não aceitam e nem admitem a caracterização do profeta Maomé, nem em gravuras, nem em pinturas e muito menos em charges, salvo algumas históricas e raras pinturas da antiguidade e que, mesmo assim, tem de ser escondidas. O motivo é que eles não querem venerações à imagens do profeta como ocorre com Jesus Cristo no catolicismo. Assim, a caracterização da imagem de Maomé é proibida, ainda mais usada para sátiras e ridicularização, isso é insulto gravíssimo para eles, punível com a morte de quem o fez.
O provo cristão também é capaz de punir com a morte dependendo do tamanho do insulto. Nesses casos, chamamos de crimes de homicídio puníveis com leis.
O caso do dia 7 de janeiro foi mais uma ação de represália, entretanto, o governo francês inflamou a situação classificando-a, politicamente, de atentado terrorista em Paris.
O que se ganha fazendo sátiras das coisas?
Por acaso se ganha o pão nosso de cada dia na mesa? Se ganha as roupas de se vestir ou carros para se locomover? Nem tanto.
A bem da verdade, o que se ganha são alguns instantes de deboche, riso e graça (porque a gozação não foi sobre você ou sobre algo que você goste não é mesmo?). E só.
Também ganha-se desgraças com ameaças e tentativas de assassinatos, como no caso do Carlos Semanal francês cujo slogan de primeira página é: “Charlie Hebdo – Jornal Irresponsável”.
O próprio editor do “Charlie Herbo”, o monsieur Stefannie Charbonnier, o “Charb”, sempre usou seu talento cômico para fazer humor ao sagrado (sim, quem iniciou os traços satíricos e desafiadores ao Islão no jornal foi ele, tanto que o mesmo já estava com sua "cabeça a prêmio"). Charb nunca conquistou nada. O próprio dizia que não tinha casa, nem esposa, nem filhos e que, por isso, não tinha medo de morrer... E ainda assinava uma coluna semanal onde dizia: “Charb Não Gosta de Gente”.
Diante desse perfil, não seria melhor deixar ele, o Charb, descansar em paz?
O governo francês, prevendo a tragédia, já havia feito vários pedidos para que o periódico satírico parasse com as provocações ao Islã. Em resposta, o editor Charb, praticamente, mandou o governo ir cuidar de sua vida.
O governo francês deveria ter processado o jornal, com base em violação na lei de direitos de imagem para fazê-lo parar. A segurança pública estaria agradecendo a esta hora.
Tiragem super ampliada
A tiragem era 60 mil exemplares. Agora, com toda essa onda, sairá, na próxima quarta-feira, dia 14/01, super ampliada em 3 milhões de exemplares e em 16 idiomas. No fundo, esse vuco-vuco está provando que pode se converter em uma grande jogada de marketing essa tragédia de 17 mortos (12 na sede do jornal, mais uma policial na rua e quatro reféns em um mercado judeu parisiense).
ESGOTADA - A edição dos sobreviventes, com 3 milhões de exemplares esgotou-se rapidamente. Agora serão impressos mais 2 milhões para atender e demanda.
“Quem ri hoje, chora amanhã”, diz o provérbio português.